segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Mensagem

PRIMEIRO / O DOS CASTELOS
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-Ihe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo e recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita e Portugal.

Análise:
A personificação da Europa é a base do texto, tendo como face mais nítida as referências a partes do corpo humano.
     A primeira estrofe está carregada de informação preciosa: por um lado, a atitude da Europa; por outro, a História da Europa (que é, do ponto de vista do poema, a própria natureza da Europa).
     A Europa assume uma atitude contemplativa, fisicamente inactiva : note-se a repetição do verbo ‘jazer’ (verbo com uma conotação fúnebre), a posição contemplativa de uma pessoa apoiada nos cotovelos e os verbos “fitar” e “lembrar” como únicas acções praticadas por este corpo (ambos os verbos no gerúndio, indicador de aspecto durativo).
A primeira estrofe sintetiza, ainda, um percurso que explicará a natureza da própria Europa. A orientação escolhida pelo sujeito poético para descrever o corpo não é inocente: “De Oriente para Ocidente”. Deste modo, mais do que reforçar o visualismo que nos permite imaginar um corpo humano deitado, o poeta faz uma verdadeira síntese da evolução da cultura europeia, nascida a Oriente, na Grécia, e continuando para Ocidente.
É preciso notar que este caminho em direcção ao Oeste é feito de acumulações e não de perdas e a cultura europeia é, assim, explicada como Lavoisier explicou a natureza: nada se perde. A cultura europeia é feita, portanto, de todos esses elementos que se acumularam ao longo do tempo. É uma cultura compósita que junta os “românticos cabelos” e os “olhos gregos”. A imagem do corpo reforça, então, essa ideia de vários elementos que constituem uma unidade, o corpo é o símbolo dessa aglutinação de culturas que correspondem, no fundo, a uma só.
     A segunda estrofe prolonga o visualismo com as referências a partes do corpo e reforça, ao mesmo tempo, a ideia de uma cultura constituída por elementos diversos, com a indicação de mais dois países. Também aqui é fundamental atentar no pormenor, antecipando uma possível interpretação: o cotovelo em que assenta o rosto poderá constituir uma referência à ligação histórica entre Portugal e Inglaterra.
     Na penúltima estrofe, chega-se, finalmente ao rosto, mais especificamente ao olhar. Antes de atentar no olhar, lembremos que o rosto é a face – passe o pleonasmo – mais visível da identidade do corpo humano. O olhar da Europa é, então, “esfíngico e fatal”, adjectivos que unem mistério e destino.
     A Europa vê, então, no Ocidente, o “futuro do passado”, ou seja, o momento presente, correspondente ao culminar dessa viagem que começou no Oriente. Percebe-se, então que o objectivo não era descrever o passado ou aclarar o presente, mas tornar inelutável o momento e, sobretudo, o depositário da síntese, Portugal, o rosto, a identidade da Europa.

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Quinto Império

Símbolo da inquietação necessária ao progresso, assim como o sonho: não se pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado, curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e descontente com o que se tem e o que se é! (“Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar/Sem um sonho, no erguer da asa.../Triste de quem é feliz!”) O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser pela lição do ter sido, o Portugal-espírito, entre a cultura e a esperança.

Sebastianismo

Morto D. Sebastião em Alcácer Quibir, e tendo sido Portugal anexado pela Espanha em 1580, Portugal estava perante o período mais negro da sua História: perdera toda a opulência e grandiosidade do início do século, com a batalha de Alcácer Quibir perdeu o melhor da sua juventude e dos seus militares, ficou endividado com o pagamento dos resgates e sofreu o domínio castelhano, que o vai oprimir. Nasce então uma versão particular de messianismo, sobretudo de influência judaica, o Sebastianismo: crê-se que toda esta opressão, todo este sofrimento, toda esta miséria, toda esta crise será vencida com o aparecimento de D. Sebastião (numa manhã de nevoeiro...), que libertará Portugal dos castelhanos e da sua opressão e lhe restituirá a antiga grandeza. Defende-se que D. Sebastião não morreu nem podia ter morrido. E aparecem então os falsos "D. Sebastião", tendo sido presos uns e mortos outros. Este sonho é sustentado e difundido por várias pessoas e de várias maneiras, em que sobressaem as Trovas do Bandarra de Trancoso - e, já no nosso século, a Mensagem de Fernando Pessoa. Primeiro clandestinamente, depois mais à luz do dia, esse movimento influencia a revolta do Manuelinho de 1637, em Évora, e vai propiciar o 1.o de Dezembro de 1640, pelo entusiasmo posto na sua execução e pela confiança que a todos transmite.
O Sebastianismo transforma-se num mito: quando há épocas de crise aparece como uma esperança de melhores dias, de mais justiça e de maior grandeza. O mito (como é próprio dos mitos) foi sendo adaptado às realidades de cada momento. Em 1640, por alturas da restauração da independência nacional, era D. João IV o "Encoberto".


Extrutura da Mensagem

A Mensagem está dividida em três partes. Esta tripartição corresponde a três momentos do Império Português: nascimento, realização e morte. Mas essa morte não é definitiva, pois pressupõe um renascimento que será o novo império, futuro e espiritual.

Mensagem

1. Nascimento – 1ª Parte “Brasão”Fundação da nacionalidade, desfile de heróis lendários ou históricos, desde Ulisses a D. Afonso Henriques, D. Dinis ou D. Sebastiao.

2. Realização – 2ª Parte “Mar Português”Poemas inspirados na ânsia do Desconhecido e no esforço heróico da luta com o mar. Apogeu da acção portuguesa dos Descobrimentos, em poemas como “O Infante”, “O Mostrengo”, “Mar Português”.

3. Morte – 3ª Parte “O Encoberto”Morte das energias de Portugal simbolizada no “nevoeiro”; afirmação do sebastianismo representado na figura do “Encoberto”; apelo e ânsia messiânica da construção do Quinto Império

Carácter épico-lírico
· A Mensagem é uma obra épico-lírica, pois, como uma epopeia, parte de um núcleo histórico (heróis e acontecimentos da História de Portugal), mas apresenta uma dimensão subjectiva introspectiva, de contemplação interior, característica própria do lirismo.
 
Renascimento, humanismo e classicismo
Luís de Camões viveu entre 1524 e 1580, na chamada época renascentista. Deste modo toda a sua obra foi influenciada por este movimento cultural apresentando determinadas características explicadas através da visão do mundo predominante no século XVI.

Renascimento - movimento cultural dos Séculos XV e XVI
·    Teve origem em Florença na Itália, tendo, mais tarde difundindo-se para toda a Europa
·    Verifica-se uma renovação das artes e das ciências
·    Renascem os ideais greco-romanos da cultura clássica
·    A visão antropocêntrica opõe-se ao teocentrismo da Idade Média
·    Privilegia-se a racionalidade, a dignidade do ser humano e o ideal humanista
·    Descobrimentos - Portugal e Espanha partem à conquista e destacam-se como uma potência na Europa
·    Aumento do patriotismo
Humanismo - movimento intelectualzita e racionalista do Renascimento
·    O Homem é visto como o centro de tudo
·    O conhecimento depende do que o Homem é capaz de fazer
·    Confiança nas capacidades do Homem
ClassicismoSurge a par do humanismo uma vez que as atenções caem sobre todo o que o Homem já produziu
·    Artistas imitam modelos clássicos e seguem as suas normas:
·    Harmonia
·    Simplicidade
·    Equilíbrio
·    Precisão
·    Sentido de proporções

Os Planos Temáticos da Obra

Plano da Viagem

A narração dos acontecimentos durante a viagem entre Lisboa e Calecut:
Partida a 8 de Julho de 1497 (Canto IV, est. 84 e seguintes);
Peripécias da Viagem;
Paragem em Melinde durante 10 dias;
Chegada a Calecut a 18 de Maio de 1498;
Regresso a 29 de Agosto de 1498;
Chegada a Lisboa a 29 de Agosto de 1499





Em Melinde, Vasco da Gama narra ao rei os acontecimentos de toda a nossa história, desde Viriato até ao reinado de D. Manuel I.
Em Calecut, Paulo da Gama apresenta ao Catual os episódios e as personagens representados nas bandeiras das naus.
A história posterior à viagem de Vasco da Gama é-nos narrada em prolepse, através de profecias.










Considerações e opiniões do autor, expressões nomeadamente no inicio e no fim dos cantos. 
Destacam-se os momentos em que o poeta:
1.    Realça o valor das honras e da glória alcançadas por mérito (Canto VI, est. 95-96);
2.    Faz a apologia da expansão territorial por espalhar a fé cristã. Critica os povos que não seguem o exemplo do povo português que, com atrevimento, chegou a todos os cantos do mundo (Canto VII, est. 2-14);
3.    Lamenta a importância atribuída ao dinheiro, fonte de corrupções e de traições (Canto VII, est. 96-99);
4.    Explica o significado da Ilha dos Amores (Canto IX, est. 89-92);
5.    Dirige-se a todos aqueles que pretendem atingir a imortalidade, dizendo-lhes que a cobiça, a ambição e a tirania são honras que não dão verdadeiro valor ao homem (Canto IX, est. 93-95);
6.    Confessa estar cansado de “cantar a gente surda e endurecida” que não reconhecia nem incentivava as suas qualidades artísticas que reafirma nos seus últimos 4 versos da estrofe 154 do Canto X, ao referir-se ao seu “honesto estudo”, à “longa experiência” e no “engenho”, “causas que raramente”. Reforça a apologia das letras (Canto V, est. 92-100);
7.    Manifesta o seu patriotismo e enxerta D. Sebastião a dar continuidade à obra grandiosa do povo português (Canto X, est. 145-156).
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Plano da Mitologia
A mitologia permite a evolução da acção (os deuses assumem-se como adjuvantes ou como oponentes dos portugueses) e constitui, por isso, a intriga da obra.


Estrutura Interna d'Os Lusíadas


Canto I, est. 1-3, em que Camões proclama ir cantar as grandes vitórias e os homens ilustres - “as armas e os barões assinalados”; as conquistas e navegações no Oriente (reinados de D. Manuel e de D. João III); as vitórias em África e na Ásia desde D. João a D. Manuel, que dilataram “a fé e o império”; e, por último, todos aqueles que pelas suas obras valorosas “se vão da lei da morte libertando”, todos aqueles que mereceram e merecem a “imortalidade” na memória dos homens.
A proposição aponta também para os “ingredientes” que constituíram os quatro planos do poema:

Plano da Viagem - celebração de uma viagem:
"...da Ocidental praia lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram além da Taprobana...";
Plano da história vai contar-se a história de um povo:
"...o peito ilustre lusitano..."."...as memórias gloriosas / Daqueles Reis que foram dilatando / A Fé, o império e as terras viciosas / De África e de Ásia...";
Plano dos Deuses (ou do Maravilhoso) - ao qual os Portugueses se equiparam:
"... Esforçados / Mais do que prometia a força humana..."."A quem Neptuno e Marte obedeceram...";
Plano do Poeta - em que a voz do poeta se ergue, na primeira pessoa:
"...Cantando espalharei por toda a parte. / Se a tanto me ajudar o engenho e arte..."."...Que eu canto o peito ilustre lusitano...".



Invocação
Canto I, est. 4-5, o poeta pede ajuda a entidades mitológicas, chamadas musas. Isso acontece várias vezes ao longo do poema, sempre que o autor precisa de inspiração:

Tágides ou ninfas do Tejo (Canto I, est. 4-5);
Calíope - musa da eloquência e da poesia épica (Canto II, est. 1-2);
Ninfas do Tejo e do Mondego (Canto VII, est. 78-87);~
Calíope (Canto X, est. 8-9);
Calíope (Canto X, est. 145).

Dedicatória
Canto I, est. 6-18, é o oferecimento do poema a D. Sebastião, que encara toda a esperança do poeta, que quer ver nele um monarca poderoso, capaz de retomar “a dilatação da fé e do império” e de ultrapassar a crise do momento.
Termina com uma exortação ao rei para que também se torne digno de ser cantado, prosseguindo as lutas contra os Mouros.
Exórdio (est. 6-8) - início do discurso;
Exposição (est. 9-11) - corpo do discurso;
Confirmação (est. 12-14) - onde são apresentados os exemplos;
Peroração (est. 15-17) - espécie de recapitulação ou remate;
Epílogo (est. 18) - conclusão.

Começa no Canto I, est. 19 e constitui a acção principal que, à maneira clássica, se inicia “in medias res”, isto é, quando a viagem já vai a meio, “Já no largo oceano navegavam”, encontrando-se já os portugueses em pleno Oceano Índico.
Este começo da acção central, a viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia, quando os portugueses se encontram já a meio do percurso do canal de Moçambique vai permitir:

A narração do percurso até Melinde (narrador heterodiegético);
A narração da História de Portugal até à viagem (por Vasco da Gama);
A inclusão da narração da primeira parte da viagem;
A apresentação do último troço da viagem (narrador heterodiegético).

A narrativa organiza-se em quatro planos: o da viagem, e o dos deuses, em alternância, ocupam uma posição importante. A História de Portugal está encaixada na viagem. As considerações pessoais aparecem normalmente nos finais de canto e constituem, de um modo geral, a visão crítica do poeta sobre o seu tempo.




 
 

Estrutura Externa d'Os Lusíadas

A obra divide-se em dez partes, às quais se chama cantos. Cada canto tem um número variável de estrofes (em média de 110). O canto mais longo é o X, com 156 estrofes.
As estrofes são oitavas, portanto constituídas por oito versos. Cada verso é constituído por dez sílabas métricas; nas sua maioria, os versos são heróicos (acentuados nas sextas e décimas sílabas).
O esquema rimático é o mesmo em todas as estrofes da obra, sendo portanto, rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos (AB-AB-AB-CC).

O Género Épico

O género épico remonta à antiguidade grego e latina sendo os seus expoentes máximos Homero e Virgílio.
A epopeia é um género narrativo em verso, em estilo elevado, que visa celebrar feitos grandiosos de heróis fora do comum reais ou lendários. Tem pois sempre um fundo histórico; de notar que o género épico é um género narrativo e que exige na sua estrutura a presença de uma acção, desempenhada por personagens num determinado tempo e espaço. O estilo é elevado e grandioso e possui uma estrutura própria, cujos principais aspectos são:
Proposição - em que o autor apresenta a matéria do poema;
Invocação - às musas ou outras divindades e entidades míticas protectoras das artes;
Dedicatória - em que o autor dedica o poema a alguém, sendo esta facultativa;
Narração - a acção é narrada por ordem cronológica dos acontecimentos, mas inicia-se já no decurso dos acontecimentos (“in medias res”), sendo a parte inicial narrada posteriormente num processo de retrospectiva, “flash-back” ou “analepse”;
Presença de mitologia greco-latina - contracenando heróis mitológicos e heróis humanos.

Biografia de Luis de Camões


Biografia de Luis de Camões

Luís Vaz de Camões é considerado o maior poeta português; nunca existiu, nem em Portugal nem em qualquer outra parte do mundo, poeta algum que igualasse nem muito menos superasse a dedicação que Camões deu à sua pátria por meio de uma tão próspera obra épica como são “Os Lusíadas”.
“Os Lusíadas” são a culminação de toda uma cultura e de uma civilização. Camões é considerado um poeta fora do seu tempo, pois a sua modernidade e a sua portuguesidade são visíveis no modo como esta obra, tanto no estilo épico como no estilo lírico, se estrutura. Camões nasceu a 1524 ou 1525, segundo documentos publicados por Faria e Sousa, em Lisboa ou em Coimbra (a data e o local do seu nascimento não são certos). Segundo registo da lista de embarque para o Oriente do ano de 1550, declara-se que Luís de Camões se inscrevera e, nesse registo, é-lhe atribuída a idade de 25 anos.
O Padre Manuel Correia que o conheceu pessoalmente, dá-o nascido em 1517. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá Macedo, família nobre estabelecida em Portugal na época de D. Fernando, foi educado sob o império do Humanismo, estudou em Coimbra de 1531 a 1541, onde D. Bento de Camões seu tio, era chanceler.
Era esse mesmo seu tio sacerdote e sábio que o auxiliava nos estudos, mas ainda antes de Luís de Camões acabar o seu curso, partiu para Lisboa, talvez para conhecer melhor a principal cidade do seu país visto gostar imenso da História de Portugal.
Reinava D. João II e, como Camões era fidalgo, podia frequentar as festas e saraus da corte no palácio real; e foi lá que conheceu aquela que ele queria que viesse a ser a sua esposa, D. Catarina de Ataíde.
Devido à rigorosa tradição da corte, Camões teve que se afastar desta linda menina a quem ele tratava por um nome inventado de Natércia nos seus muitos poemas consagrados, e foi exilado por ordem do rei para o Ribatejo (Constância), onde permaneceu durante dois anos até que se alistou como soldado e partiu para Ceuta.
Foi nesta viagem que Camões primeiro avaliou o esforço formidável de um povo audacioso e persistente, que foi capaz de vencer os difíceis obstáculos desta travessia, de forma pioneira.
Apesar de ter sido um grande poeta, foi também um grande patriota e um grande soldado. Defendeu Portugal tanto nas guerras em África como na Ásia. Em 1547, partiu para Ceuta depois de ter estado na corte de 1542 a 1545. Em Ceuta perdeu um olho quando lutava a favor de D. João III.
Três anos mais tarde voltou a Portugal e teve vários duelos, num dos quais feriu Gonçalo Borges, moço de arreios de D. João III, o que lhe custou um ano de prisão no Tronco. Diz-se que foi nesse ano de prisão que Camões compôs o primeiro canto da sua obra “Os Lusíadas”.Obteve a liberdade como promessa de embarcar para a Índia como simples homem de guerra e embarcou para Goa em 1553, da Índia passou a Macau, onde os portugueses tinham fundado uma colónia mesmo em frente ao mar.
Foi chamado a Goa mas, no caminho para a Índia o barco onde navegava naufragou junto à foz do rio Mekong, e diz-se que ele tenha ido até à costa a nado só com um dos braços, visto no outro levar consigo a sua tão próspera obra.
Foi a descida do Oceano Atlântico, a passagem do Cabo da Boa Esperança e todas aquelas paragens que levaram Camões a glorificar na sua obra os lugares por onde a armada de Vasco da Gama tinha já passado, lugares esses que muito custaram a "descobrir", razão ainda para dignificar o povo lusitano. Regressou a Lisboa em 1569 e, em 1572, publicou “Os Lusíadas”. Faleceu no dia 10 de Junho de 1580 em Lisboa, na miséria, vivendo de esmolas que se dizia terem sido angariadas pelo seu fiel criado Jau. O seu enterro teve de ser feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos.